Neste mês, o mundo celebrou o Dia Internacional da Biodiversidade, uma data importante para discutir sobre a riqueza de vida que existe em nosso planeta. E para os brasileiros, ainda temos outro evento relevante chegando: o Dia da Mata Atlântica. Nessa ocasião tão especial, nós trouxemos para vocês um panorama geral da rica biodiversidade das cavernas brasileiras.
Com cerca de 591 espécies descritas, as cavernas brasileiras são verdadeiros santuários subterrâneos. Dentre essas espécies, 283 (47,9%) são caracterizadas como troglóbias, isto é, seres vivos que possuem adaptações específicas para viver em ambientes subterrâneos, como olhos atrofiados ou ausentes, ausência de pigmentação, maior desenvolvimento de outros órgãos sensoriais e ecolocalização são algumas dessas características.
Essas espécies únicas foram encontradas em cavernas de 21 dos 27 estados brasileiros, revelando a diversidade desses ambientes subterrâneos em todo o país. Entre todos os estados, Minas Gerais lidera, abrigando a maior quantidade de espécies com um total de 213 (36%), seguido pela Bahia com 106 (17,9%).
Para além da biodiversidade nacional, a presença desses animais é surpreendente na Mata Atlântica, isso porque é uma área que passou por uma degradação intensa e contínua, tornando-os bravos resistentes da natureza.
Esse bioma exuberante cobre aproximadamente 15% do território nacional e está presente em 17 estados brasileiros. É o lar de 72% da população e abriga três dos maiores centros urbanos da América do Sul, concentrando também 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
De acordo com o Anuário Espeleológico 2022, existem 4.711 cavernas catalogadas nesse bioma. Entre elas, duas se destacam pelo número de espécies troglóbias encontradas: o Sistema de Areias e a Gruta Alambari de Cima, localizadas na Mata Atlântica do sudeste brasileiro. Essas cavernas abrigam 16 e 10 espécies troglóbias, respectivamente, distribuídas em diversos grupos taxonômicos. É importante ressaltar que essas descobertas representam verdadeiros “hotspots” neotropicais de fauna subterrânea, colocando o Brasil na vanguarda da biodiversidade mundial.
São conhecidos atualmente 220 espécies de peixes subterrâneos no mundo. No Brasil, existem 37 espécies desses peixes troglóbios distribuídos em seis famílias e 13 gêneros.
Porém, muitos acham que apenas seres aquáticos, invertebrados ou morcegos vivem nas cavernas, mas já foram registradas aves em cavidades cavernícolas, sendo 38 espécies, distribuídas em nove ordens e 18 famílias.
Anfíbios e répteis também têm presença nesses ambientes, na Mata Atlântica foram registradas 9 espécies sendo 8 anuros e uma serpente. Já nas áreas de transição entre Cerrado e Mata Atlântica registrou-se 50 espécies, sendo 31 espécies de anuros e 19 répteis (cinco lagartos e 14 serpentes).
Mergulhe na escuridão, desvende os segredos ocultos e testemunhe a beleza única destes ambientes subterrâneos, mas sempre com muita responsabilidade e respeito!
A biodiversidade das cavernas é um tesouro a ser valorizado e protegido, e cada descoberta nos ajuda a compreender melhor a complexidade da vida em nosso planeta.
Fontes:
GALLÃO, Jonas Eduardo. Estado de conservação e dados de distribuição da fauna troglóbia brasileira com propostas de áreas prioritárias para proteção. 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/2074/4572.pdf?sequence=1&isAllowed=y>
VALE. Fauna Cavernícola do Brasil. ZAMPAULO, Robson de Almeida; PROUS, Xavier. (Org.). Editora Rupestre. Belo Horizonte. Agosto, 2022.
