O processo de restauração de cavernas para manutenção e preservação dos ambientes cavernícolas

Durante o congresso de espeleologia deste ano, pudemos conhecer pessoas importantes para o mundo da espeleologia, dentre elas a Val Hildreth-Werker, espeleóloga dos Estados Unidos que dedica sua vida para a restauração e conservação de cavernas, sendo autora de um dos mais completos livros da área nomeado “Cave Conservation and Restoration”. 

Palestra Cave Conservation and Restoration International Workshops no 37º Congresso Brasileiro de Espeleologia. Foto: Val Hildreth-Werker

 Realizando workshops ao redor do mundo, Val e seus colegas levam teoria, estratégia e técnicas para realizar manutenções no ambiente cavernícola e, dentre os principais impactos humanos passíveis de restauração estão: remoção de pichações, melhoria e/ou demarcação de passagens, retirada de pegadas fora das trilhas principais, retirada de lixo e restauro de estalactite e estalagmites.

A restauração de cavernas vem de um longo processo de observação dos ambientes cavernícolas de uso público e, principalmente, dos impactos humanos causados às mesmas.

Dentre diversas metodologias, o processo se inicia a partir da inventariação da caverna, isso é, incluindo a realização da documentação fotográfica  sobre os locais a serem restaurados, para possibilitar comparativos e monitoramento para se ter uma base de como o ambiente estava antes de iniciar a manutenção.

Materiais e ferramentas necessárias para a restauração de cavernas.
Cave Conservation and Restoration International Workshops. Foto: Val Hildreth-Werker

No processo de restauração, é importante lembrar que as mesmas não podem ser agressivas aos elementos das cavernas, por isso devem ser selecionadas técnicas ou produtos específicos que reduzem ao máximo os riscos de contaminações: seja a do ar, da água, do solo, sonoro.

Agora, bora conhecer um pouco das técnicas empregadas no restauro das grutas. A remoção de pichações são feitas com água, escovas e esponjas com movimentos delicados, considerando a textura e os formatos das rochas. Esse tipo de restauração é importante para que novas pessoas não se sintam autorizadas a registrarem novos rabiscos e pichações nas cavernas, dado que é da natureza humana se sentir à vontade para fazer algo que não é permitido se outra pessoa fez e não teve maiores consequências.

Retirada de pichações da caverna. Cave Conservation and Restoration International Workshops. Foto: Val Hildreth-Werker

Caso nessa etapa haja alguma falha de execução, é comum utilizar o solo presente na própria caverna misturada a água para criar tintas naturais para cobrir as imperfeições ou falhas.

Como já discutido em outros textos do nosso blog, para a segurança do uso público, a presença da infraestrutura é essencial, sendo passagens nas cavernas importantíssimas para reduzir o pisoteio em áreas frágeis ou sensíveis, além de diminuir consequências negativas para a fauna associada. Andar fora da trilha também é um problema comum encontrado no ambiente cavernícola, estimulando outras pessoas a utilizarem a trilha alternativa, podendo ser muito perigoso para os visitantes também.

Para lidar com este problema, a principal técnica de remoção de pegadas é texturizar a lama com o uso de pedras da própria caverna, se a lama estiver endurecida ou sem possibilidade de uma nova texturização, usa-se da mesma para preencher e remodelar o caminho.

Restauração de espeleotema. Cave Conservation and Restoration International Workshops. Foto: Val Hildreth-Werker

Outros elementos da caverna que sofrem depredação são as estalactites e estalagmites, para restaurá-las é utilizado no centro do espeleotema um epoxy, porém o toque especial se dá com o encaixe bem feito das pessoas que estiverem fazendo este trabalho, posto que ao colocar nas bordas externas, pode ocasionar uma contaminação química pelo vazamento lateral da cola nos ornamentos.

Outro impacto conhecido, é a deposição dos resíduos dos visitantes ao longo do percurso. Por isso que não se estimula que visitantes levem materiais diversos e alimentos para a visita em cavernas abertas ao uso público..

Quantas formas de cuidar de uma caverna, não é mesmo?! Que tal conhecê-las melhor em nossa página inicial, corre lá! 

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