Lugar de mulher é…na espeleologia

 

Coordenadora do eCaves em passeio na Gruta de Botuverá. Foto por: Acervo eCaves Brasil.

Ao adentrar o mundo da espeleologia, nos deparamos com uma riqueza de descobertas e desafios que vão além das formações rochosas e dos mistérios subterrâneos. Nesse universo fascinante, compõem a complexidade deste ecossistema também as mulheres, com uma história marcada por lutas contra o patriarcado e o machismo arraigados na sociedade.

A imagem da “invisibilidade feminina na espeleologia”, ilustrada por Emanuel Liais, ecoa até os dias de hoje. Mulheres que desbravaram cavernas, contribuíram para o conhecimento científico, mas cujas histórias foram apagadas pelos preconceitos de uma sociedade que relutava em aceitar mulheres como agentes ativas no campo científico, reduzindo-as a “esposas dos espeleólogos”.

Os grupos de espeleologia, como disseminadores de conhecimento, têm um papel fundamental na mudança desse cenário. Cada vez mais vê-se que esses grupos têm quebrado seus paradigmas, promovendo ações que incentivem a participação ativa feminina, reconhecendo que as mulheres podem e devem ocupar esses espaços, superando as barreiras impostas pelo “construto social” de gênero e com espeleólogas assumindo cargos de liderança.

Mulheres na trilha. Foto por: Acervo eCaves Brasil.

Embora não iremos aprofundar o tema, é crucial destacar as dificuldades enfrentadas pelas profissionais, desde disparidades salariais até violências de gênero. É imperativo respeitar o lugar de fala das mulheres, reconhecendo que são as próprias mulheres que devem ser ouvidas e representadas em discussões sobre sua condição na espeleologia.

A busca é pela equidade de oportunidades e reconhecimento das contribuições que as mulheres trazem para a espeleologia. É hora de reivindicar o protagonismo que nos foi negado, de ocupar espaços de liderança e de garantir que nossas vozes sejam ouvidas e respeitadas.

À medida que as mulheres se apropriam cada vez mais desses espaços e promovem ações de empoderamento, estamos testemunhando uma mudança significativa. As cavernas já não são mais apenas locais de coleta, mas sim palcos onde as mulheres se tornam protagonistas de suas próprias histórias, construindo ciência com pesquisas relevantes e essenciais para o progresso. 

Com base no trabalho das  grupo de mulheres espeleólogas “Caverneiras – Guano Speleo”, trouxemos aqui o reflexo do trabalho coletivo intitulado “Pode-se falar em invisibilidade feminina na Espeleologia? Reflexões acerca das contribuições da mulher no processo histórico da Espeleologia”, que é um dos testemunhos dessa jornada de empoderamento e busca por reconhecimento. É um lembrete de que, apesar dos desafios, as mulheres têm aberto caminhos para meninas e jovens dentro da espeleologia.

Texto inspirado pelo artigo:

CRUZ, E.T. et al. Pode-se falar em invisibilidade feminina na espeleologia? Reflexões acerca das contribuições da mulher no processo histórico da espeleologia. In: ZAMPAULO, R. A. (org.) CONGRESSO BRASILEIRO DE ESPELEOLOGIA, 35, 2019. Bonito. Anais… Campinas: SBE, 2019. p.412-421. Disponível em: <http://www.cavernas.org.br/anais35cbe/35cbe_412-421.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2023.

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