A invasão biológica de Pinus na região da Chapada Diamantina

Vista da paisagem a partir do topo do Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina, e o vale invadido com pinus, à direita. Foto por: Luiza Sessegolo

O ecoturismo vem crescendo de forma contundente em nosso país, movimentando cadeias produtivas, pequenas, médias e grandes empresas, além de fornecer serviços essenciais para todos aqueles que desejam conhecer a vastidão da biodiversidade encontrada no Brasil.

Porém, ao pensar sobre a dinâmica e a modificação das paisagens para construção dos empreendimentos, é necessário ser consciente das escolhas paisagísticas que serão feitas, isso porque ao selecionar espécies exóticas, muitos problemas podem ser causados.

Para falar deste problema, traremos o caso da invasão biológica de Pinus na região do Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina. Vamos entender melhor como se dá este processo?

Pinus plantados em propriedades do entorno do Morro do Pai Inácio, que estão invadindo as áreas protegidas. Foto por: Gisele Cristina Sessegolo

O pinus é uma planta pioneira, que se reproduz e cresce muito rapidamente mesmo sob condições ambientais limitantes, tem grande capacidade de adaptação, e que compete com as espécies nativas plantas por recurso, sendo considerada uma espécie exótica invasora no Brasil.

Espécies exóticas invasoras são organismos que foram introduzidos fora do seu habitat natural e acabaram se adaptando, tomando conta de áreas onde um determinado ecossistema já ocorria de forma equilibrada, com isso as espécies originais dos ecossistemas ficam ameaçadas devido ao desequilíbrio e ao poder de crescimento rápido do invasor.

Essa forma rápida de se alastrar no ambiente gera o que conhecemos por invasão biológica, processo onde as espécies exóticas, persistem, propagam-se e alastram-se além de determinados limites. Este problema é global e começou com o manejo inadequado das espécies entre diferentes partes do mundo, trazendo prejuízos sérios no presente, principalmente no que diz respeito às questões socioeconômicas, à diversidade biológica e à saúde das pessoas.

A partir das matrizes adultas de Pinus, a invasão biológica é rápida, uma vez que a dispersão das sementes ocorre pelo vento, avançando a invasão encostas acima, em direção ao Morro do Pai Inácio. Foto por: Gisele Cristina Sessegolo

As unidades de conservação  são territórios imprescindíveis para resguarda dos ecossistemas originais de cada região. Elas servem como amostras importantes da natureza presente em cada local, sendo seu manejo e gestão voltado para manter e recuperar a biodiversidade local. A presença de espécies exóticas invasoras representa um problema complexo, que tem demandado ações específicas de manejo e recuperação das áreas.

Mas qual seria a solução para este problema? Muitos países têm instituído programas de erradicação de espécies exóticas invasoras, especialmente nas áreas protegidas.

No Brasil, diversas iniciativas tem sido conduzidas em relação a esses conflitos, tais como no Parque Estadual de Itapuã-RS, onde foram realizadas pesquisas para manejo, controle e erradicação do pinus. No Parque Nacional da Tijuca – RJ, ações tem sido efetuadas visando o controle de espécie exótica invasora na região: a jaqueira.

Mais recentemente, no Paraná, foi criada a Iniciativa Campos Gerais, que congrega voluntários visando erradicar e controlar a invasão dos Pinus nos raros e esparsos fragmentos de Campos ainda existentes no Segundo Planalto Paranaense (@iniciativacamposgerais). Campanhas na região dos mais esparsos ainda fragmentos de campos naturais de Curitiba foram executadas por voluntários  nos anos 1990, sob o nome “Exterminai os pinus dos campos”. Muito há que se fazer sobre essa temática, em todo o país!

São diversos os exemplos que podemos encontrar, mas com certeza a melhor forma de combater este problema é reconhecer que ao manejar áreas próximas a ambientes de proteção de fauna e flora, especialmente unidades de conservação de proteção integral, cuidados especiais devem ser tomados, para que o manejo da paisagem não seja foco de novos problemas.

O uso de espécies exóticas com potencial invasor deve ser evitado, para que não represente ameaça aos ecossistemas conservados, como o que está ocorrendo no entorno do Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina.

Para controlar isso, urgentemente se faz necessária a supressão de todos os indivíduos adultos que estão disseminando as sementes nas propriedades do entorno. E em seguida, estabelecer ações de remoção dos indivíduos que se desenvolveram no entorno, até sua eliminação total. Quanto mais tempo se demora para efetuar o controle e remoção, mais esforços, tempo e recursos serão necessários para resolver o problema!

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