Cerrado: o santuário das cavernas brasileiras

 

Parque Estadual Terra Ronca. Foto por: Rafael Balestieri

O Cerrado, um dos cinco grandes biomas do Brasil, abrange cerca de 25% do território nacional, ocupando uma vasta extensão de quase 2 milhões de quilômetros quadrados. Este bioma estende-se por diversos estados, incluindo Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, partes do Mato Grosso, Minas Gerais, o Distrito Federal, partes da Bahia, Maranhão, Piauí e porções de São Paulo. Além disso, ainda existem fragmentos de Cerrado em estados como o Paraná e em áreas isoladas dentro de outros biomas, como a Floresta Amazônica.

Classificado como a segunda maior formação vegetal do país, perdendo apenas para a majestosa Floresta Amazônica, o Cerrado é um verdadeiro santuário de biodiversidade. Estima-se que abrigue mais de 6 mil espécies de árvores e cerca de 800 espécies de aves. Surpreendentemente, mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas encontradas aqui são endêmicas, ou seja, exclusivas desse bioma.

Juntamente com a Mata Atlântica, o Cerrado é considerado um dos hotspots mundiais, caracterizando-se como um dos biomas mais ricos e, ao mesmo tempo, ameaçados em todo o planeta.

Paredão, Parque Estadual Terra Ronca. Foto por: Gisele Sessegolo

No contexto das cavernas brasileiras, o Cerrado também se destaca. Das quase 24 mil cavernas cadastradas no Brasil, quase metade, aproximadamente 11 mil, está localizada neste bioma. Além disso, quase metade das espécies descritas em cavernas foram encontradas aqui, revelando a riqueza da biodiversidade cavernícola do Cerrado.

As cavernas muitas vezes estão associadas às áreas de cabeceira das grandes bacias hidrográficas que têm origem no Cerrado, como as bacias dos rios Araguaia/Tocantins, São Francisco e Paraná. Além disso, o subsolo do Cerrado abriga vastos reservatórios subterrâneos, incluindo uma parte do gigantesco Aquífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo.

Infelizmente, a crescente ocupação humana tem transformado a paisagem natural do Cerrado ao longo do tempo. Quase metade da área desse bioma foi convertida em pastagens cultivadas e lavouras diversas, enquanto menos de 2% está sob alguma forma de proteção.

Caverna, Parque Estadual Terra Ronca. Foto por: Gisele Sessegolo

Nesse cenário, a diversidade de espécies e a variabilidade genética estão sob ameaça, devido à perda de habitat e à perturbação causada pela ação humana. A mineração e os empreendimentos lineares, em particular, representam sérias ameaças ao patrimônio espeleológico do Cerrado, afetando cerca de 6.500 cavernas direta ou indiretamente.

A preservação do Cerrado e de suas cavernas requer não apenas a proteção desses locais, mas também de suas áreas circundantes. Cuidar do Cerrado significa preservar um tesouro natural valioso e essencial para a diversidade de nossa fauna, flora e recursos hídricos. No vídeo, você pode ver como a preservação das cavernas está intrinsecamente ligada à proteção de uma parte vital dos nossos ecossistemas.

FONTES:

CENTRO NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DO CERRADO. Conservação da Biodiversidade. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/cbc/> Acesso em: 23 out. 2023. 

CENTRO NACIONAL DE PESQUISAS E CONSERVAÇÃO DE CAVERNAS. Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro. Disponível em:  <https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/centros-de-pesquisa/cecav/anuario-estatistico-do-patrimonio-espeleologico-brasileiro/anuario-estatistico-do-patrimonio-espeleologico-brasileiro> Acesso em: 23 out. 2023. 

 

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