A Gruta do Lago Azul é uma das cavernas turísticas mais importantes do Mato Grosso do Sul e do Brasil. As atividades turísticas tiveram o início na caverna no final da década de 70 e ao longo dos anos foi sendo regulamentada, sendo que atualmente a visitação é gerida pelo município de Bonito e pelo órgão gestor da unidade de conservação, o Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, IMASUL.
O fato das primeiras explorações trazerem à tona a presença de um sítio paleontológico submerso no lago da caverna fortaleceu todo o processo de criação do monumento natural, que hoje tem a função de proteger o patrimônio espeleológico e sua biodiversidade.
Apesar da passagem de diferentes pesquisadores pela caverna, nunca houve uma pesquisa em detalhe sobre os fósseis que ali se encontram.
![](https://blog.ecavesbrasil.com.br/wp-content/uploads/2023/06/WhatsApp-Image-2023-06-15-at-2.39.08-PM-300x225.jpeg)
Equipe de produção do Canal Azul junto com os mergulhadores. Foto: Lívia Cordeiro
Em 2018 iniciei a elaboração de um projeto em parceria com o Canal Azul para que pudéssemos realizar a documentação audiovisual do primeiro levantamento paleontológico na Gruta do Lago Azul. Contudo, para este projeto, foi necessário levar em consideração que a presença dos fósseis é de extrema importância para a comunidade local e que a mesma não tem o desejo de que os fósseis saiam do município.
Portanto, a fim de levar em consideração a vontade da comunidade local e também de trazer mais informações sobre as espécies de animais representados entre os fósseis, decidimos realizar o resgate paleontológico virtual.
A metodologia utilizada no trabalho foi inspirada na documentação de sítios arqueológicos submersos pertencentes ao povo Maia na região de Yucatán no México.
Assim, na primeira etapa do trabalho foi realizado todo o cabeamento e as quadrículas para que pudesse ser documentado em fotografia e espacializar as informações sobre a distribuição dos fósseis na caverna. Posteriormente foram selecionadas peças de alta relevância para identificação das espécies de mamíferos do quaternário.
![](https://blog.ecavesbrasil.com.br/wp-content/uploads/2023/06/WhatsApp-Image-2023-06-15-at-2.39.09-PM-300x169.jpeg)
Para a etapa seguinte, criamos uma estação fotográfica subaquática para documentar com a técnica chamada fotogrametria cada uma das peças delimitadas. Depois de fotografada, cada peça retornou ao seu quadrante e na posição mais próxima possível da condição original.
Posteriormente a coleta de dados, em laboratório foi realizada a reconstrução de modelos 3D a partir das fotografias coletadas em ambiente subaquático. Os modelos obtidos com sucesso foram impressos em impressoras 3D, materializando assim pela primeira vez ao grande público os fósseis da Gruta do Lago Azul sem retirá-las da caverna.
Até o momento foram reconstruídas o total de 47 peças e identificadas cerca de 11 espécies, entre elas um urso do pleistoceno, quatro espécies de preguiças gigantes e o tatu gigante.
![](https://blog.ecavesbrasil.com.br/wp-content/uploads/2023/06/Captura-de-tela-2023-06-15-171217-300x178.png)
Agora o mais interessante dessa história, é que todo o processo desde a criação do projeto até o resultado final foi documentado em um filme longa-metragem chamado “Gruta do Lago Azul: a mãe de todas as cavernas”. O filme estreará em breve no Canal Brasil e poderá ser assistido por todas as pessoas que poderão se encantar com as belezas e os desafios desta caverna.
E para saber mais sobre essa história continue seguindo o eCaves Brasil nas nossas redes sociais pois em breve teremos mais novidades sobre este projeto.
Financiamento: Ancine
Produção: Canal Azul Filmes
Direção: Túlio Schargel e Ricardo Aidar
Pesquisa: Lívia Cordeiro e Alessandro Oliveira
OLÁ.
Que maravilhoso o trabalho contínuo da equipe.
Dúvidas, sempre tínhamos, e agora com essas especificações, tudo se tornou mais relevante para mais informações.
Parabéns pelo excelente trabalho, sucesso sempre!!!