A importância dos povos indígenas para preservação do patrimônio espeleológico

 Os povos indígenas têm sido reconhecidos cada vez mais como guardiões da biodiversidade e defensores do meio ambiente. Apesar de representarem menos de 5% da população mundial, eles se fazem presentes em 25% da superfície terrestre, protegendo cerca de 80% da biodiversidade global.

Gruta de Kamukuwaká . Foto: Vilson de Jesus para Factum Foundation

No Brasil, temos cerca de 732 terras indígenas em diferentes fases do procedimento demarcatório, que guardam boa parte das nossas riquezas naturais, considerando que estão presentes em todos os biomas, mas de forma mais abrangente na Amazônia. 

A cultura originária carrega consigo uma conexão profunda com o ambiente em que vivem e são responsáveis por preservar e proteger muitas áreas naturais, incluindo as cavernas. Essas cavernas são locais sagrados e importantes para essas culturas, e sua preservação é essencial para a manutenção de suas tradições e identidades.

Como ocorre na Gruta de Kamukuwaká que é um lugar sagrado de grande importância para a etnia Wauja (ou Waurá) e para os povos do Alto Xingu, onde, segundo Akari Waurá, se encontram gravados na rocha os ensinamentos de seus antepassados. 

Gruta de Kamukuwaká . Foto: Vilson de Jesus para Factum Foundation

Akari conta que na gruta eram ensinadas as histórias do povo, a cultura e cosmogonia para os mais novos, e que anos atrás os anciões e historiadores levavam as crianças da aldeia para Kamukuwaká para contar as histórias. 

Atualmente, a gruta se encontra fora da área demarcada, e esforços vêm sendo feitos para sua preservação, mesmo em meio a depredações e vandalismo.

A partir de práticas ancestrais, ocorre a preservação das cavernas por parte dos povos indígenas, que incluem rituais de purificação e proteção desses lugares. Eles também têm o conhecimento tradicional sobre a fauna e a flora que habitam as cavernas, além de técnicas de conservação que têm sido passadas de geração em geração.

Esses conhecimentos e práticas são cruciais para a preservação desses ambientes frágeis e sensíveis, que são frequentemente ameaçados por atividades humanas como o turismo descontrolado e a exploração de recursos naturais.

Além disso, os povos originários têm sido fundamentais para a pesquisa e a catalogação das cavernas e seus habitantes, oferecendo informações valiosas para cientistas e pesquisadores.

A presença dos povos indígenas também é importante para a proteção das cavernas de ameaças externas, que geram transformações intensas nessas paisagens. Por meio de suas lutas e mobilizações, muitos povos indígenas têm conseguido evitar a destruição de áreas naturais,  garantindo sua proteção a longo prazo.

Caverna Refúgio do Maroaga / Foto: Gisele C. Sessegolo

Uma caverna símbolo desta luta é a Caverna Refúgio do Maroaga, localizado em Presidente Figueiredo – AM  na Área de Proteção Ambiental (APA) de Presidente Figueiredo, que possui esse nome pela homenagem a um chefe indígena das etnias Waimiri-Atroari, que segundo a lenda, teria se refugiado no local após uma perseguição pelos brancos. A palavra “Maroaga” na língua indígena representa um título dado aos chefes das aldeias.

Os guias e condutores até hoje repetem a história, dizendo que o nome da caverna é em homenagem ao índio guerreiro Maroaga, da etnia Waimiri-Atroari que se refugiou nas décadas de 60 e 70 no local, durante o período de construção da Rodovia BR-174.

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